quarta-feira, 30 de julho de 2008

O PETISMO E A CRÍTICA.

Logo após a publicação de meu artigo “Lula e o Mundo”, recebi e-mail de um leitor que dizia o seguinte: “Quanta asneira, desinformação e manipulação de notas. O senhor acha que se o cenário real fosse esse pintado por suas palavras a aprovação do Presidente estaria na casa dos 70%?”. É curioso como a crítica é recebida pelo petismo e seus seguidores. É ótimo para o articulista ter retorno de seus artigos, sejam eles positivos ou negativos. Mas o petismo, desde sua fundação, tem como base de sua existência acreditar que são os donos da verdade e proprietários da ética, não havendo direito algum de crítica àqueles que não comungam da estrela vermelha. Um estilo stalinista de ser, digamos assim.

Realmente a aprovação de Lula é impressionante, quando analisada apenas do ponto de vista percentual. Mas se as notas e dados de meu artigo não são falsos, mas apenas reprodução de jornais como Gazeta e Monitor Mercantil, revistas como Veja, Época e até mesmo Carta Capital, como pode ser explicada a popularidade do Presidente? Para encontrar a resposta é preciso gastar pelo menos 3 minutos para pensar, coisa rara para o lulo-petismo. Os resultados da Petrobrás, o aumento da carga tributária, os escândalos da compra de votos e do fisiologismo na administração interessam a quem? Somos aproximadamente 180 milhões. A circulação total das revistas semanais não passa da casa de 2,5 milhões, assim como a audiência de programas de debates e de cunho jornalístico é infinitamente inferior a das novelas e seriados.

Se fizermos o cálculo do que representam 70% da população brasileira chegamos a 126 milhões de “cidadãos”. O Bolsa-Família atende cerca de 40 milhões de pessoas, incluídas aí todas aquelas ligadas às famílias beneficiárias ( dados do próprio governo federal ). Essa conta é feita com base no número de famílias credenciadas e portadoras dos cartões do programa oficial. Vemos assim, que uma boa parte da popularidade do Presidente é fácil de explicar. Já cansei de dizer que não sou contra a idéia do Bolsa-Família, mas de sua concepção assistencialista que o torna eleitoreiro, já que perpetua a condição de dependência de quem o recebe. Além disso, ocorre com Lula o mesmo que ocorria com FHC, o chamado “efeito teflon”, pois nada gruda no Presidente. As frases “não sabia de nada” ou “fui traído” serviram de desculpa para tudo.

A popularidade de um governante não traduz necessariamente sua qualidade, eis que Severino Cavalcante é o primeiro nas pesquisas de sua cidade natal. Tenho certeza de que o leitor que enviou o e-mail não defenderia Severino. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito no primeiro turno, em um desempenho muito melhor do que Lula em sua reeleição e isso não traduzia os problemas daquele governo, por sinal muito parecidos com os atuais: manipulação de números, política econômica ortodoxa, resultados pífios no comércio exterior, fisiologismo eleitoral e administrativo.

É preciso que se entenda que criticar o atual governo, da mesma forma como se criticava o anterior, está bem longe da dicotomia “bem ou mal”. Não é possível que o leitor ache natural uma aliança política entre Lula e Sarney, Renan Calheiros, Jader Barbalho e o próprio Severino Cavalcante. O cenário real da economia brasileira é exatamente aquele e muito mais. A incompetência da área técnica do governo não é denunciada por mim, mas o motivo de irritação constante de Lula, que não consegue tornar realidade seus discursos. É preciso mudar os rumos políticos e administrativos desse país e pouco importa quem esteja no poder.

Espero continuar a receber mais mensagens de leitores e as agradeço sempre, pois são uma chance de aprendizado e crescimento constante, coisa que nossos governantes deveriam aprender a fazer.

Nenhum comentário: