segunda-feira, 7 de julho de 2008

QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ.

A recente declaração de apoio à Severino Cavalcante soma-se a mais de uma centena de apoios e gestos de solidariedade incompreensíveis por parte de Lula. Não por conta dos apoios em si, mas do passado de quem os declara. Os eleitores de Lula votaram na proposta de um governo ético, contrário ao fisiologismo político e a uma forma de fazer política desgastada.

Mas o que se sucedeu a partir da vitória de Lula foi exatamente a mesma forma de fazer política, o mesmo fisiologismo travestido de “governabilidade” e toda uma carreira política negada através de atos incompreensíveis. Dos apoios iniciais a José Dirceu e Pallocci ( compreensíveis dentro da lógica partidária brasileira, mas incoerentes com as promessas de campanha e as expectativas dos eleitores ) chegamos ao apoio incondicional a Renan Calheiros, à aliança política com José Sarney e Jader Barbalho. Depois, a defesa da viagem familiar do Governador do Ceará ( coerente com os passeios dos amigos de seus filhos em aviões da FAB ) e agora com o apoio à candidatura de Severino Cavalcante à prefeitura de sua cidade.

Afinal, que Lula é esse? Um homem que fundou um partido propondo mudanças estruturais na política partidária nacional e que ao chegar no poder, ao invés de mandar esquecer o que escreveu ( nem podia já que nunca escreveu nada ) determina o esquecimento de tudo que falou, pensou e prometeu.

O novo Lula acha ético levar a sogra para passear na Europa com dinheiro público, acha normal financiar campanhas políticas com caixa dois e entende ser absolutamente normal o tráfico de influências de seu filho, seu irmão e de seu grande amigo. E agora, não vê nada demais em apoiar um político medíocre, apeado de seu mandato por corrupção. As escolhas de Lula, por si só, são apenas infelizes, mas quando refletem uma opção de todo um governo, aí a coisa fica preta.

Esse governo opta pela clientelismo político, pelo fisiologismo administrativo do leilão de cargos, da eliminação do critério técnico para nomeações, pela demagogia, pelo assistencialismo puro do Bolsa-Família, por operações policiais estéticas mas sem conteúdo ( alguém já tomou conhecimento de alguma condenação, pelo menos em primeira instância?), pela perda de oportunidades e quem paga o preço? Somente aqueles que pensam? Não, todos pagam, até mesmo os infelizes que usufruem de um Programa Eleitoreiro travestido de social.

A crise internacional começa a nos pegar, confirmando o que se dizia desde 2003 sobre a política econômica frágil que só dava resultados positivos, porque surfava nas ondas da economia mundial. Bastou um chilique na economia norte-americana e a inflação ameaça voltar. Talvez a máscara comece a cair, mas não será tarde demais?

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