sexta-feira, 11 de julho de 2008

ESPETÁCULOS TELEVISIVOS


Poucas pessoas no lulismo conseguiram destruir sua biografia, do ponto de vista comportamental, como o Ministro da Justiça Tarso Genro. As declarações do ministro rebatendo as do presidente do STF, Gilmar Mendes, foram a mais extraordinária demonstração de demagogia e populismo, dignas de nosso Pequeno Timoneiro, mas não do pai de Luciana Genro.

O Presidente do STF não atacou a operação da Polícia Federal, mas a forma como aconteceu e as prisões desnecessárias. E a desnecessidade não vem do status sócio-econômico como pretendeu Tarso genro, mas da falta de razão jurídica para tal. A prisão temporária somente tem razão quando absolutamente necessária para as investigações ou quando existe a possibilidade de que os investigados destruam provas ou ameacem testemunhas, o que não é o caso dos envolvidos nessa operação. Se fossem pobres também não poderiam ser presos e se o fossem, é devido ao despreparo de nossa polícia e não por elitismo judicial.

Ao rebater as declarações de Gilmar Mendes da forma como o fez, Tarso Genro se nivelou a José Dirceu, seu inimigo número 1 dentro do PT. As algemas só devem ser usadas quando necessário e não para fazer show diante de câmaras de TV. Se não há resistência por parte do preso, qual a razão de algemá-lo? Pobre ou rico, nenhum cidadão deve ser constrangido se ainda não foi condenado. Não se trata de flagrante, o que talvez até justificasse o espetáculo, mas as provas já tinham sido colhidas por mais de 1 ano de investigações. Assim, não existem justificativas jurídicas para os shows protagonizados pela Polícia Federal, que já vem dando um show de eficiência, não necessitando deste triste expediente, usado nessa operação.

Todos lembram dos casos Schincariol e Daslu. Os investigados não foram soltos porque são ricos, mas porque suas prisões não se justificam. As provas foram colhidas sem resistência e cabe ao Ministério Público cumprir seu papel. Por sinal, se o MP trabalhasse realmente ao lado das polícias, os inquéritos seriam muito mais eficientes e ágeis. Trabalhar ao lado não é se limitar a fazer requisições nos inquéritos por escrito, a cada 30 dias, mas dialogar com delegados e policiais, atuar junto com os escrivães, dar norte às investigações, zelar pela legalidade da coleta de provas. Mas a postura de autoridade ilimitada dos membros do MP jamais permitiria tais atitudes. Eles refutam essas afirmações, dizendo que trabalham em conjunto, mas a realidade mostra o contrário.

O que se viu nessa semana que passou, foi uma instituição que vem dando mostras de sua eficiência a cada dia, cair na armadilha do espetáculo demagógico e defendidas por alguém que construiu uma biografia política pautada na ética e na prática democrática, mas agora cai no lugar comum do populismo barato, transformando em debate ideológico aquilo que deveria ser tratado como questão técnica e de bom senso.

É triste, mas parece ser este o maior legado que o Governo Lula deixará: a destruição de biografias construídas na luta democrática e na ética, que se lambuzaram no poder e se apegaram à sua liturgia.

Nenhum comentário: