segunda-feira, 7 de julho de 2008

COMBATE AO CRIME.

O primeiro fim de semana da Lei de Tolerância Zero ao Álcool foi uma mostra das maravilhas que nos proporcionam o Governo, o Congresso e nossas polícias. Mais de 180 marginais de altíssima periculosidade foram presos, por terem tomado dois ou três copos de cerveja, transformando-se assim em elementos perigosíssimos para a sociedade. Imagino o orgulho dos policiais que prenderam esses marginais, muitos com famílias no carro ( cúmplices desses bandidos ).

Enquanto automóveis eram parados nas estradas, dezenas de caminhões e ônibus sem freio, com problemas de balanceamento, e sem a menor condição de tráfego, passavam impunemente pelos postos de vigilância. Mas a polícia rodoviária não tem que se preocupar com isso, pois o problema são os seguidores de Zeca Pagodinho. Os traficantes dos morros e favelas, os receptadores de automóveis roubados, os policiais corruptos que liberam veículos sem vistoria ou vendem carteiras de habilitação, todos esses não traduzem perigo à sociedade. Pelo menos não se comparados aos marginais que se atrevem a beber cerveja em festas de aniversário ou alguns copos de chope nas noites de sábado

Deixando a ironia de lado, somente um Congresso como esse poderia aprovar uma modificação no Código Nacional de Trânsito como essa. Não sou e jamais serei defensor das barbáries cometidas por motoristas alcoolizados, mas prender um pai de família por ter traços de álcool no sangue, mesmo que provocados por um copo de cerveja, é estupidez. Os acidentes provocados por veículos sem condições de segurança superam aqueles provocados pela bebida, mas as estatísticas não expressam esse número, pois são amostras da corrupção policial não assumida. As carteiras de habilitação vendidas à pessoas despreparadas constituem perigo muito maior do o álcool. É preciso penalizar os motoristas alcoolizados que infringem a lei mas é preciso bom senso.

Moralizar o trânsito implica em, necessariamente, combater a corrupção nos Detrans de todo o país, combater as máfias de auto-escolas que vendem carteiras, a roubalheira na manutenção de estradas, fazer cumprir a obrigatoriedade de vistoria em veículos usados, aumentar a exigência de itens de segurança em veículos novos e não considerar que prender algumas pessoas que beberam em festas de crianças são os responsáveis por acidentes de trânsito decorrentes da omissão do Estado.

Enquanto isso, vamos embarcar na hipocrisia. Outro exemplo é a “nova” CPMF. Por que não criar uma CIDE sobre bebidas alcoólicas, com destinação integral para a saúde? Existem garrafas plásticas de cachaça vendidas em supermercados à R$ 0,50. Torna-las mais caras, destinando verba para o serviço público de saúde seria uma política correta. Mas jamais poderíamos esperar medidas corretas de um Congresso formado por 300 amigos do Lula.

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