segunda-feira, 25 de agosto de 2008

DESCULPAS ESFARRAPADAS

As Olimpíadas terminaram e o todo poderoso presidente do COB, Carlos Nuzman, repetiu todas as desculpas previsíveis para o desempenho pífio do país em Pequim. Todas as medalhas, exceto as do vôlei ( as duas ) e a do futebol feminino, foram obtidas através do esforço pessoal e não do trabalho do COB. Excetuei as duas modalidades coletivas, pois existe um trabalho de base muito bem feito em ambas, que nada tem a ver com o trabalho de nossos cartolas, mas de um planejamento empresarial muito bem feito há mais de uma década, principalmente no caso do vôlei. Nossa equipe de ginástica, por exemplo, não tem desculpas para um mal resultado, pois é uma das raras modalidades com infra-estrutura e verba suficientes, além de staff técnico estrangeiro contratado especialmente para essas competições.

Como explicar que a terceira maior delegação dos Jogos Olímpicos tenha um resultado tão magro, principalmente comparado com 20 das 22 colocadas à nossa frente? Dinheiro não faltou, o problema foi a sua forma de utilização. Ao invés de priorizar o esporte como política educacional e social, o COB investiu apenas no que poderia gerar visibilidade. Não adianta colocar apenas dinheiro nas mãos de cartolas despreparados e mal-intencionados, que pretendem apenas se fazer. Até mesmo a existência do Ministério dos Esportes é um absurdo, quando se pensa no esporte como parte integrante de uma política educacional e de integração social. De que vale investir milhões em atletas de nível médio e eliminar a educação física do currículo obrigatório? Qual a universidade pública ou privada que tem uma política desportiva atrelada ao conteúdo educacional? Podemos encontrar exceções como a Gama Filho do Rio ou a Santa Cecília de Santos, mas é muito pouco se comparado ao número de instituições de ensino superior no país.

De resto, a política desportiva no Brasil é tocada com a mesma incompetência da educação. Criam-se cotas para tapar a cratera do ensino fundamental e médio medíocres. Qual foi o legado dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro? Onde estão as gerações de novos atletas que teríamos? Milhões transformados em fumaça sem que nada tenha sido feito para durar, mas apenas para rechear a carteira dos envolvidos. Se superfaturaram no Pan, imaginem nas Olimpíadas! Mas de resto continuamos a ser campeões imbatíveis na cara de pau, na falta de vergonha e principalmente nas desculpas esfarrapadas. Até mesmo discussão qualitativa sobre a campanha olímpica estamos sendo obrigados a ouvir. Nenhuma mudança à vista, rios de dinheiro indo pelo ralo e continuamos como focas, aplaudindo a sardinha nossa de cada dia.

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