segunda-feira, 16 de março de 2009

Gabriel O Pensador

Recebi um e-mail trazendo a notícia de que uma música de Gabriel O Pensador teria sido censurada em seu último CD. Como anexo, vinha a tal música e sua letra. Ao ouvi-la, me perguntei qual teria sido a razão da censura, pois o que o compositor diz na letra é exatamente aquilo que todos os jornais do país repetem diariamente: nossos políticos não prestam. Imaginei que só podia ter sido censura da própria gravadora, pois o comando dessas empresas é basicamente formado por gente medíocre, que morre de medo de processos e ameaças governamentais.

Mas a música em si, não traz nenhuma novidade a não ser exteriorizar o que um rapaz muito inteligente e talentoso (sempre gostei muito do trabalho dele) sente diante de toda a gatunagem oficial. Chico Buarque já havia feito isso nos anos 70 com Homenagem ao Malandro, portanto não entendi a suposta censura. Depois soube que a música não foi censurada, pois fazia parte do quinto disco de Gabriel, mas o e-mail cumpriu seu papel, até para inspirar esse artigo.

Na música, Gabriel diz que a corrupção é a causa da fome, da violência e do atraso. Isso é lógico. Existe corrupção na saúde, na educação, no Executivo, no Judiciário, no Legislativo, na esfera federal, estadual ou municipal e todo mundo sabe disso. Desviam dinheiro até de merenda, de remédios, de ambulâncias, entre outras coisas que em países sérios levariam ao linchamento político dos gatunos, mas não é isso que acontece por aqui. Nessas bandas, os autores desses delitos são eleitos senadores, deputados, vereadores, prefeitos, governadores e até presidentes.
Um petista de origem sindical concordou comigo que jamais imaginaria os afagos de nosso Pequeno Timoneiro à banda podre do PMDB, se isso lhe fosse perguntado há oito anos atrás. Muito menos que cirurgias plásticas fossem elementos obrigatórios de uma campanha eleitoral petista. "Pega ladrão", diz o refrão da música de Gabriel O Pensador, e isso é o que todos os homens com um mínimo de honestidade dizem nesse país quando assistem ao Jornal Nacional. "Banda podre do PMDB" disse eu, mas existe banda boa? O que pode existir é a banda dos omissos, que deixam os ladrões a vontade.

Se existem políticos corruptos, isso acontece com a conivência dos supostos honestos, que se acovardam diante das gatunagens. Enquanto isso, no país do Carnaval, o ministro do Trabalho afirma que vemos a crise através do espelho retrovisor. Pois é, mais de 130 mil postos de trabalho fechados e o ministro ainda não viu a crise. O presidente não sabe de nada e seu ministro é cego. Nenhum deles se preocupa ao menos em manter as aparências. No Judiciário o estilo "Jobim" foi substituído pelo estilo "Gilmar", a Corregedoria da Câmara quase fica nas mãos de um sonegador (para ser magnânimo) e os ministérios são negociados com preço acertado. No Senado, Sarney ganha a presidência e Renan garante a pensão de seu rebento.

Sem dúvida, Zeca Pagodinho está certo, tanto quanto Gabriel O Pensador: se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão!

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