segunda-feira, 16 de março de 2009

Casa da Mãe Joana


O Congresso Nacional não tem mais autoridade moral alguma há muito tempo, mas os acontecimentos recentes deixaram a sede do Poder Legislativo abaixo da lama. Se na Câmara dos Deputados ressuscitaram Michel Temer e escolheram um político do baixo clero cheio de problemas éticos e legais para a função de corregedor, no Senado a festa foi inacreditável. Renan Calheiros continua forte, algo inconcebível até em republiquetas de bananas, depois de ser pego com as calças na mão, depois de ter sido exposto em praça pública, com toda a sociedade indignada, e o que aconteceu? Absolutamente nada.

O ilustre e probo Senador da República continua dando as cartas, articulou a volta por cima de Sarney, outra figura que deveria ter sido banida da política nacional há tempos, e ainda colocou Fernando Collor de Mello no comando de uma das comissões mais importantes do Congresso (leia-se, com mais dinheiro). Os três nomes acima, caso o Brasil fosse um país formado por pessoas com vergonha na cara, estariam no mínimo fora da vida pública, aguardando suas condenações judiciais. Porém, nem foram condenados, muito menos banidos do cenário político.
Mas o mais espantoso não ocorre daquele lado da Praça dos Três Poderes, mas no Palácio do Planalto, do outro lado da avenida. O presidente da República, que chamou Sarney de ladrão, que combateu Fernando Collor com todas as forças (lembram-se do Governo Paralelo?) e jamais demonstrou respeito por gente como Renan, tudo isso até 2002, lógico, hoje é fiador de todas essas jogadas, inclusive contra seu próprio partido.

Será que tudo isso é consequência normal da política como ela é? É preciso se despir da vergonha na cara e da ética para entrar na vida pública? É preciso transformar as instituições públicas em casas da mãe Joana para se chegar à chamada "governabilidade"? Até quando esse povo vai continuar acreditando em mentiras, em safadezas travestidas de programas sociais, em obras superfaturadas, em processos que jamais resultam em nada, em marginais transformados em autoridades?

Chega um momento em que perde-se a possibilidade de acreditar em mudanças. E essa hora está bem próxima, pelo menos para quem pensa um pouco.

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