Na semana anterior à natalina tivemos mais uma prova de que nossa classe política chegou no fundo do poço, quando o Senado Federal (se é que ainda merece ser chamado assim) aprovou o aumento do número de vereadores em todas as cidades do país. E a coisa só não ficou pior porque a Câmara não podia promulgar (não que eles não quisessem). Dane-se que o mundo atravessa uma crise econômica sem precedentes e que essa crise já está afetando a atividade econômica brasileira (todo mundo já percebeu que não é uma marolinha). O que importa é fazer festa com dinheiro público arrumando lugar para mais inúteis que apoiarão os ilustres parlamentares nas eleições de 2010.
Para que gastar milhões com a saúde pública, se podemos usar esse dinheiro para pagar salários para milhares de políticos medíocres que não fazem a menor idéia do que é legislar? Ou alguém pode provar que as câmaras municipais servem ao propósito de sua existência? O mais espantoso é que quase a totalidade dos senadores, situacionistas ou de oposição, votaram a favor da malandragem, sem o menor pudor, sem preocupação em pelo menos disfarçar. Foram apenas cinco votos contrários (abstenções são a clara manifestação da covardia e desonestidade moral de quem se omite).
E somando-se aos escândalos seguidos do Poder Executivo, a malandragem e desonestidade do Poder Legislativo, o Poder Judiciário vai se juntando à festa. Como se não bastassem os problemas crônicos de um sistema processual arcaico e formalista e de uma estrutura administrativa feudal, a incompetência tomou conta dos espaços ainda não ocupados pela corrupção. Os competentes e honestos vão ficando ilhados e, pior, desmotivados.
No escândalo do TRT de São Paulo, ninguém se perguntou como um único juiz administrava sozinho uma obra daquele porte. O resultado das investigações foi de uma inacreditável ingenuidade ao atribuir toda a responsabilidade ao juiz Nicolau, ou seja, todos os outros juízes do TRT de São Paulo nunca se importaram com o volume de dinheiro gasto ou com os atrasos na obra e nem deviam fazer isso, segundo os investigadores.
Os acontecimentos recentes no Tribunal de Justiça do Espírito Santo mostram claramente a ausência de temor da punição. Mesmo diante da possibilidade de grampo telefônico, os desembargadores envolvidos continuaram a tratar de negócios pelo telefone, usando até mesmo de ironia. É óbvio que têm certeza de que nada lhes acontecerá.
Em São Paulo, um juiz tem diante de si um processo movido por um banco agenciador do BNDES em que as provas de negociata e crime são claras. Mas ao invés de determinar a investigação dos fatos, defere tudo que o banco requer, por mais absurdo que seja. Para a liberação de R$ 4 milhões de financiamento, um empreendimento foi avaliado em R$ 12 milhões, pelo próprio banco agente do BNDES. O dinheiro jamais foi usado na obra, pois serviu apenas para pagar o financiamento original feito pelo próprio banco.
Pois ao executar os verdadeiros donos do empreendimento, o banco considerou que o empreendimento que ele mesmo avaliou em três vezes o valor da dívida era insuficiente e pediu a penhora de outros bens dos administradores. E o ilustre magistrado deferiu. E apesar de representações feitas pelos administradores ao BNDES, Banco Central e Ministério Público Federal, nada ocorreu, mesmo com o envolvimento de um dos investigados numa das operações da Polícia Federal que atingiu vários prefeitos.
Há alguns dias, novamente um banco conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça para suspender o levantamento de uma condenação deferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, conseguindo efeito suspensivo em recurso especial de ação rescisória que nem havia sido protocolada! Coisa julgada nada, o que importa é beneficiar quem pode mais.
Os três poderes da República sempre tiveram sérios problemas. A corrupção sempre existiu. Mas agora nem se preocupam em disfarçar. Dane-se a mulher de César.
Para que gastar milhões com a saúde pública, se podemos usar esse dinheiro para pagar salários para milhares de políticos medíocres que não fazem a menor idéia do que é legislar? Ou alguém pode provar que as câmaras municipais servem ao propósito de sua existência? O mais espantoso é que quase a totalidade dos senadores, situacionistas ou de oposição, votaram a favor da malandragem, sem o menor pudor, sem preocupação em pelo menos disfarçar. Foram apenas cinco votos contrários (abstenções são a clara manifestação da covardia e desonestidade moral de quem se omite).
E somando-se aos escândalos seguidos do Poder Executivo, a malandragem e desonestidade do Poder Legislativo, o Poder Judiciário vai se juntando à festa. Como se não bastassem os problemas crônicos de um sistema processual arcaico e formalista e de uma estrutura administrativa feudal, a incompetência tomou conta dos espaços ainda não ocupados pela corrupção. Os competentes e honestos vão ficando ilhados e, pior, desmotivados.
No escândalo do TRT de São Paulo, ninguém se perguntou como um único juiz administrava sozinho uma obra daquele porte. O resultado das investigações foi de uma inacreditável ingenuidade ao atribuir toda a responsabilidade ao juiz Nicolau, ou seja, todos os outros juízes do TRT de São Paulo nunca se importaram com o volume de dinheiro gasto ou com os atrasos na obra e nem deviam fazer isso, segundo os investigadores.
Os acontecimentos recentes no Tribunal de Justiça do Espírito Santo mostram claramente a ausência de temor da punição. Mesmo diante da possibilidade de grampo telefônico, os desembargadores envolvidos continuaram a tratar de negócios pelo telefone, usando até mesmo de ironia. É óbvio que têm certeza de que nada lhes acontecerá.
Em São Paulo, um juiz tem diante de si um processo movido por um banco agenciador do BNDES em que as provas de negociata e crime são claras. Mas ao invés de determinar a investigação dos fatos, defere tudo que o banco requer, por mais absurdo que seja. Para a liberação de R$ 4 milhões de financiamento, um empreendimento foi avaliado em R$ 12 milhões, pelo próprio banco agente do BNDES. O dinheiro jamais foi usado na obra, pois serviu apenas para pagar o financiamento original feito pelo próprio banco.
Pois ao executar os verdadeiros donos do empreendimento, o banco considerou que o empreendimento que ele mesmo avaliou em três vezes o valor da dívida era insuficiente e pediu a penhora de outros bens dos administradores. E o ilustre magistrado deferiu. E apesar de representações feitas pelos administradores ao BNDES, Banco Central e Ministério Público Federal, nada ocorreu, mesmo com o envolvimento de um dos investigados numa das operações da Polícia Federal que atingiu vários prefeitos.
Há alguns dias, novamente um banco conseguiu uma liminar no Superior Tribunal de Justiça para suspender o levantamento de uma condenação deferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, conseguindo efeito suspensivo em recurso especial de ação rescisória que nem havia sido protocolada! Coisa julgada nada, o que importa é beneficiar quem pode mais.
Os três poderes da República sempre tiveram sérios problemas. A corrupção sempre existiu. Mas agora nem se preocupam em disfarçar. Dane-se a mulher de César.