terça-feira, 2 de junho de 2009

FALTA DE OPÇÃO

Ao ouvir tanto a tese do terceiro mandato para Lula, é impossível não ficar triste com o fato de não termos lideranças políticas com cacife para calar a boca de quem prega a manobra golpista. A popularidade de Lula é inquestionável, mesmo que se discorde de seus métodos populistas e demagógicos aliados a um investimento em propaganda oficial "jamais visto na História desse país", tudo isso aliado ao "maior programa assistencialista da História desse país". Pode-se discordar, mas ninguém teve essas idéias antes. Fernando Henrique gastou mais com o Proer (o Bolsa-Família dos bancos) porém não tirou dividendos políticos disso (nem podia).
O problema da tese do terceiro mandato nem é o continuísmo, mas a personalização do poder e dos resultados governamentais. O PT não foi capaz de cacifar uma liderança capaz de capitalizar os resultados e os investimentos midiáticos do atual governo. Pelo contrário, viu suas lideranças caírem uma a uma, consequência do abuso do poder e da megalomania, como José Dirceu, Pallocci, Marta, Mercadante, Tarso, entre outros. É triste assistir à falta de renovação naquele que deveria ser o mais renovador dos partidos, mas acabou sucumbindo à praga personalista. Tal qual o PDT de Brizola, o PT sem Lula não existe.
Por outro lado, o PSDB tem mais lideranças que liderados, um partido estelar que não consegue desempenhar bem o papel de oposição. José Serra e Aécio Neves alternam boatos de um acordo ou de uma boa briga. FHC não pára de palpitar e Tasso tumultua tudo cada vez que abre a boca. Enquanto isso, suas lideranças menores se enrolam sem saber desempenhar o papel que devem ter como oposição e recuam ante o barulho oficial na CPI da Petrobras, da mesma forma como fizeram no caso do Mensalão, quando não conseguiram capitalizar as perdas políticas do PT e seus aliados.
Dilma jamais foi opção por si própria. Na falta de Dirceu e Pallocci, Lula sabia que precisava fabricar um sucessor. A opção de Ciro Gomes não podia prosperar, pois o ilustre carioca-cearense não consegue perder uma única oportunidade de ficar calado. Se houvesse a modalidade olímpica de tiro no próprio pé, Ciro seria imbatível em medalhas de ouro. Diante da falta de opções, Lula abraçou Dilma e a transformou em escolha. Mas o acaso e a vida reservam sempre surpresas e agora o Pequeno Timoneiro se vê novamente obrigado a desmentir aquilo que sonha em segredo. Sonha sim, pois se realmente não pensasse em terceiro mandato já teria acabado com a palhaçada. Não o fez, mas seu silêncio empurra os golpistas para a frente.
Como disse, o terceiro mandato não é um problema. O que é ruim de verdade é saber que não temos opções.

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